Como recordo o tempo da solidão e da incompreensão que forjava em mim a vontade quase religiosa do desprendimento e do desprezo pelas regras comuns. Como sinto a nostalgia desse tempo em que me imaginava um ser superior, diferente e tranquilamente distante. Como me lembro desse tempo maravilhoso em que o belo e as paixões atraíam os meus sentimentos e os meus pensamentos e os devaneios ardentes e sonhadores me bastavam. Esse tempo em que a vida era simples e a originalidade quase tudo para um viver pleno. O sofrimento fortuito, esse, não tinha energia para criar dor porque as ilusões atentas não o consentiam e a mágoa me era desconhecida. Hoje, velho, enfastiado e ocioso, sinto na alma a incapacidade da aristocracia de outrora e, com tranquilidade, vivo a presença de uma decadência sem chama e marcada pela melancolia. Apesar de tudo, com a mesma tranquilidade de outrora …
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