A resignação, tida paciência tola de conformação, maça-me em absoluto. Confesso o cansaço dessa absurda licenciosidade retesada no regaço insensível de um qualquer destino aceite, supostamente reservado. Parece-me (ante ela) escutar uma espécie triste de fado sem voz nem passado, desapaixonado pelo presente e descrente no futuro. Enclausurada assim (nessa infausta musicalidade) ouve-se a imaginação do porvir ao longe e percebe-se uma eventualidade muito remota. Uma lonjura lânguida produzida de desesperanças que atrai, pela fadiga, o hábito das saudades ociosas sem materialidade nem historicidade. A circunstância deste modo desenraizada, no vazio de horizontes dissipados no infinito, desperta (pois sim) peregrinações sem destino, santos e lugares. Liquefaz-se o tempo (que se vive) nesse outro tempo futuro afigurado longínquo e que se teima em não o encurtar para o poder viver … já. O futuro que, afinal, já ontem devia ter começado.
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