A utopia é anúncio e sinal de vida. Abraçado à utopia (imaginada e imaginável) experiencia-se um inefável apreço pela vida. Porventura busca-se um não-lugar, provavelmente quimérico, feito de margens múltiplas que torna mais perto aquele lugar longínquo. No desprazer do outro (do lugar habitado) prospera assim o devaneio fatal de uma desejada proximidade ao tal não-lugar da vida, reinventando-se (de modo obstinado) as veredas de profundas e fundadas recusas.
Nesta incessante e infindável procura descobre-se os caminhos da cidadania e sulcam-se os percursos da moral necessária. A negação de espúrios privilégios convoca o exercício sadio dessa cidadania e faz esta tomar a estrada socialmente salubre dos direitos. Mais e melhor cidadania é fazer da riqueza um meio transparente de coesão social, restituindo à liberdade a responsabilidade que nela se inscreve. O dano social dos privilégios é bem mais penoso para todos do que os dinheiros usurpados que eles custam. Adoece a sociedade e corrompe a democracia. Não há volta a dar…
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