sábado, fevereiro 08, 2014

A VERDADE DE UMA ESTATÍSTICA E A SUA INSIGNIFICÂNCIA EMPÍRICA

Exemplo tomado de empréstimo de Mark Blyth, embora o texto seja da minha total responsabilidade (Austeridade – A História de um Ideia Perigosa)

transferirOs economistas persistem em ver as questões de distribuição de uma forma simples que passo a descrever. Imagine que Bill Gates entra no bar onde você está a beber um copo. A partir do momento que ele entre no bar, toda a gente que está lá a beber (como você) passa a ser milionária. Porquê? Porque, garante o douto economista, o valor médio de todos os que lá estão não o desmente. No entanto, você sabe bem que na realidade não há milionários no bar mas apenas um multimilionário, apesar da teimosia do economista que permanece no seu competente cálculo.

As políticas de austeridade usam e abusam desta ilusão estatística e distributiva de um modo, diria eu, libidinoso. Porquê? Porque os economistas – designadamente os serventuários desta letal onda neoliberal – muito se encantam com uma outra realidade, a da volúpia matemática dos números. Servem os agiotas, bajulam os políticos e salivam com as recompensas. Assim sendo, a lição a retirar deste simples exemplo é igualmente simples; mais significativo que saber matemática, importa aprender a hermenêutica da sua razão.

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