terça-feira, fevereiro 04, 2014

OUTROS “AMANHÃS QUE CANTARÃO”…

… com um pouco de água benta para limpeza espiritual

transferirA crença na fatalidade e na influência dos fados, abrigada na descrença do que sobra, esclarece que tudo vai mal por culpa dos homens e não, mesmo nunca, da desatenção dos benévolos deuses. São estes os ingredientes mentais que, desposando servilmente o obscurecido e escurecedor argumentário de determinado conservadorismo ultramontano, lhe permitem – mas não só a ele – perseguir aquele imenso proveito, aliás muito real, de que “não há grande coisa a fazer” a não ser esperar pelo inevitável refúgio dadivoso e consolador numa qualquer e convincente fé teológica ou afim.

Deste modo, sabendo esse e outros conservadorismos (e os interesses por eles servidos) que não sobrevivem se não levarem a água (mais-valias) ao seu moinho (capital), trabalham os mesmos laboriosamente, cada um a seu jeito, para persuadir os crédulos não só de que “não há grande coisa a fazer”, mas, sobretudo, de que “não há mesmo nada a fazer”. Pelo que, e em conformidade, erigem assim os distintos e elegantes laisser-faire, laisser-passer em arrimos (ideo)lógicos da fórmula económica que ampara a embustice da enfática e persistente narrativa da mão invisível. Esta mão (feita de farsa e de ficção, pois desmentida ad nauseam), saberá arquitetar por essa sombria álea (assim no-lo juram pelas alminhas), com a ajuda escrupulosa de um qualquer deus misericordioso, a justiça no mundo dos homens. Ou seja, num devir ritmado “por amanhãs que também não deixarão de cantar”, naturalmente em paraísos sapientemente apresentados. Não aqui na terra, infelizmente. E é pena…

Sem comentários:

Enviar um comentário