domingo, agosto 09, 2015

O FUTURO PODE SER JÁ HOJE

 

chaplin_fabricaSeria útil e conveniente, hoje como era já ontem, que nos descobríssemos na liberal armadilha do voto – na verdade sempre incessante e torturante através de uma peculiar e incansável cruzada – se, despertos para esta dolorosa travessia dos últimos anos, tivéssemos a sagaz paciência e sabedoria de expor e brigar, com veia e método, o embuste e a ocultação que calam e protegem, no silêncio da estrepitosa e mediatizada refrega política, o nascedouro do putrefacto mas perdurável miolo dessa continuada estabilidade perante a qual as mudanças (simplesmente anunciadas ou mesmo realizadas), mas sempre energicamente apregoadas, jamais daquela estabilidade criticamente se achegaram.

Afinal, importa assim sondar qual a natureza desse miolo, dessa medular substância que jura tudo fazer melhor e diferente quando tudo, afinal, de modo invariante, continua igual? A esta estranha e esotérica substância alcunho eu, aqui e agora, de exploração capitalista, a tal e persistente desdita que deveria constituir-se, através do seu/nosso reconhecimento, em reagente de uma insurgente e mais bem educada consciência para o necessário e árduo conflito capaz, política e culturalmente, de esclarecer e sementar uma confiável e prometedora mudança, mudança essa que não temesse a radicalidade (porventura revolucionária) enquanto esteio de um combate (quiçá incerto) por um distinto e regenerante modelo de democracia que, em liberdade, albergasse essa radicalidade e desta fizesse o seu indeclinável arrimo mentor. Posto isto, então por que não admitir e acreditar que o Futuro não desponta apenas amanhã porquanto foi ele possível ontem e, talvez por culpa nossa, nos escapou? Assim sendo, por que razão não poderá o Futuro começar hoje mesmo? Quem sabe…

Sem comentários:

Enviar um comentário