terça-feira, maio 23, 2017

PARA UMA CULTURA DE DESOBEDIÊNCIA


Vezes sem conta, muitas mais do que se imagina, a obediência rasteja por trilhos de obscura lealdade ou continuidade. Os encorajamentos da obediência, servindo-se de secretos e perversos alicerces, promovem e respaldam, com a maior das indignidades, estranháveis (embora entranháveis)  autoridades. Estas, recorrendo a poderes intrigantes e a saberes por eles malsinados e utilizáveis, fatalmente excludentes, traçam com crueldade geométrica as suas fronteiras disciplinares, intransitáveis àquela liberdade desafiadora da emigração de criações implicantes.

Os condenados ao coagido exílio, nestas circunstâncias, negando o silêncio submisso, amantes da livre circulação da palavra, empenham-se (acertadamente) por pensar em voz alta, resistem pensando diferente e, sobretudo, com a presença ousada da coragem, não desistem de pensar. Ao mundo, os dogmáticos obedientes, acima de tudo estes, e não a triste escolta que a imbecilidade guarda, apenas mostram uma fachada, aquela codificada em sínteses ideológicas e morais trapaceiras, que bem escondem (nesses fundos) uma miserável história de exploração, dominação, hipocrisia e corrupção.

Em jeito de desfecho, diria que no fundo dos fundos, como vitalidade medular desta história, encontramos a ganância e os seus comoventes papagaios que rastejam à cata prostituída do restolho das migalhas. Assim sendo, garanto que o eixo utópico deste desalinhado contributo entrega-se mormente a amofinar o cantar desses psitacídeos e a infestar as suas gaiolas de padronização interesseira, sejam as douradas dos ladinos, sejam as piolhentas dos alegres e lerdaços parasitas. Como primeiro passo pedagógico, se me permitem, aconselho a estimar aquele olhar atiçado pela tentação de desobedecer, ou mais simplesmente, de dizer não e de corajosamente vociferar BASTA…

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