Neste tempo neoliberal de reconhecida e institucionalizada desigualdade, provavelmente necessária à colonizadora ordem capitalista, apenas as brutais parecem estorvar. As demais, sobremodo naturalizadas, quando não por inteiro incorporadas, tornam-se objeto adotado. Para tal, e como importa, almofadadas de minguado merecimento político. Um fabrico-disfarce que simplifica e enfraquece o valor de busca do comum e da alteridade que o abraça. Desencaminhando olhares, desvitalizando pensamentos e acorrentando comportamentos. Tudo se amolda para encobrir o lado negro desta mórbida modernidade, transfigurando-o numa existência perdida, se possível inteiramente ausente. Ainda assim, neste limiar desalumiado sobrevêm sementes de impaciência capazes de germinar diferentes plantas, novas ecologias. Quem sabe, vicejando destinos históricos diferentes, ao encaminhar-se regas para este chão abandonado. Afinal, campos que, de modo acintoso, o senhorial capitalismo, e seus satélites, teimosamente enjeitam prezar.
Imagem (O velho Mendigo com o Menino, de Picasso) retirada DAQUI
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