terça-feira, abril 09, 2019

DE FATO E GRAVATA, ELE PRÓPRIO


Há gente atrofiada, reprimida e mutilada que insiste, em recurso próprio, mostrar-se social e moralmente com excelência e sobriedade. Tudo certo, pois a sua moral tem por função apenas convencer, e com isso, lograr descanso na ilusão. Dirigem-se proporcionados aos que importa iludir, mas opostamente não se apaziguam perante a exigência ontológica da dignidade. Eis a clandestina disfunção. Ou seja, o desejo de convencer o outro fazendo-se depender de valores que, em suma e sobretudo, interpelam a sua própria vontade. Esclarecendo não o que a vontade verdadeiramente quer, mas aquilo que quer essa sua circunstancial, quiçá, utilitária conveniência. Assim vai essa gente – confraria de pequenas e mesquinhas personagens – se negando, julgando atingir a desejada afirmação atormentada. Todavia, ficam-se pela aparência, provavelmente certos, não do mérito da fantasia, mas do crédito que um putrefato meio burguês, tido por natural, lhes reconhece.

O fato e a gravata, assim como a panóplia de simbologias similares, ajudam. Mas, conselho meu, se bem perfumados, tanto melhor. Tornar-se-ão, seguramente, mais convencidos e, vamos lá saber, mais convincentes. A fragrância acorre, deste jeito, com o ganho útil de aromatizar o ambiente.

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