sábado, janeiro 14, 2023

CONJUGAÇÃO VERBAL

                               Nota; o texto apresentado é da autoria do meu amigo DELFIM CAMPOS

Já o disse e reafirmo: é uma miserável IPSS espelunca esta em que estou internado.
Melhor diria, encarcerado.
Mas eu reconheço que o pessoal auxiliar e de enfermagem todos nos mimoseiam constante e continuamente com açucarado tratamento.
Ele é “vamos comer, querido”, “são horas do soninho, amor”, “vamos tomar os remédios, meu lindo”.
Ora, é inevitável, ao fim de algum tempo já não se aguenta tanta pieguice.
É demais.
Há uns dias atrás, calhou-me em sorte aparecer a despertar-me uma matulona de meia idade, a abanar-me e a sussurrar-me: “São horas do banho, amor lindo, vamos acordar…
Recalcitrante, estremunhado, virei-me para o lado e fiz tenção de reatar o meu interrompido sono.
Mas a gaja era insistente e porfiou: “Então, querido, vamos lá tomar o nosso banhinho, vai-nos saber tão bem!
Aquilo decidiu-me: sentei-me na cama, sorri-lhe o sorriso mais escancarado e descarado que consegui, e convidei-a: “Vamos lá, então, querida. Eu dispo-te, tu despes-me, eu ensaboo-te as mamas e tu lavas-me a piloca…
Ficou fula num instante, os peitos inchados que nem câmara de ar de camião TIR: “Seu filho da puta mal educado!!!”, grunhiu-me furibunda.
Tentei aplacar a megera furiosa: “Minha senhora, a senhora disse ‘vamos’. ‘Vamos’ é 1ª pessoa do plural. Por isso, já vê…
Não viu ou não quis ver. Atirou-me à cara uma almofada quase tão anafada como a sua monstruosa mamosidade e desandou porta fora.
Vá lá a gente querer ensinar a língua portuguesa à plebe ignara.

Sem comentários:

Enviar um comentário