domingo, julho 30, 2023

OS BORDADOS DE BORDALO

Bordalo, dito II, ousou sair, e bem, das aconchegadas subjetividades, das comuns miudezas do bem-educado, das suas preces cerimoniosas e, acima de tudo, das respetivas obediências formalistas. Como diria o sensato filósofo, o homem é a medida de todas as coisas, sobretudo na disputa das interpretações que devêm da norma sempre teimosa e insistente, inspiradas nos seus acomodados juízos de valor. Todavia, a sua arte argumentativa nem sempre convence no real campo das verdades e das suas objetividades, socorrendo-se para tal da eletrizante influência do forâneo e venerando sagrado. Aqui situados, a razão torna-se celestina e o poder silencioso do sagrado faz-se aí sentir nesse íntimo e soberano dever das suas obediências. Confesso, todavia, e por esse juízo, que a empreitada resultante do método de bordadura do artista Bordalo merece, aqui e da minha parte, a devida e humana empatia crítica.

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