O absurdo é uma força que nos arrasta para o imediato, onde
os sentimentos momentâneos tomam o lugar da razão, e o despropósito substitui o
sentido. Num mundo onde o ilógico se disfarça de esclarecimento, perdemos a
capacidade de questionar e refletir. O que parece importante agora rapidamente
se torna irrelevante, enquanto o essencial é esquecido. O valor dos caminhos
percorridos se esvai, e o que era útil, um dia, torna-se obsoleto e sem futuro.
O absurdo corrói a nossa humanidade, ao fazer-nos olhar
apenas para o que está ao alcance do imediato. A escala humana perde o todo e concentra-se
na ação individual, como se o universo começasse e terminasse no nosso “umbigo”.
Criamos uma conveniente teia de justificações que se sustentam na sobrevivência
e no efémero, na busca incessante pelo agora, enquanto a verdadeira
profundidade da experiência humana se dissolve.
Viver no absurdo é viver como se estivéssemos sempre à margem de nós mesmos, presos num ciclo de inquietação, onde, apesar de tudo, mantemos nossa integridade apenas pela aparência, e não pela sua humana e viva essência.
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