quarta-feira, março 05, 2025

REGRESSAR À INTRIGA DO ABSURDO

O absurdo é uma força que nos arrasta para o imediato, onde os sentimentos momentâneos tomam o lugar da razão, e o despropósito substitui o sentido. Num mundo onde o ilógico se disfarça de esclarecimento, perdemos a capacidade de questionar e refletir. O que parece importante agora rapidamente se torna irrelevante, enquanto o essencial é esquecido. O valor dos caminhos percorridos se esvai, e o que era útil, um dia, torna-se obsoleto e sem futuro.

O absurdo corrói a nossa humanidade, ao fazer-nos olhar apenas para o que está ao alcance do imediato. A escala humana perde o todo e concentra-se na ação individual, como se o universo começasse e terminasse no nosso “umbigo”. Criamos uma conveniente teia de justificações que se sustentam na sobrevivência e no efémero, na busca incessante pelo agora, enquanto a verdadeira profundidade da experiência humana se dissolve.

Viver no absurdo é viver como se estivéssemos sempre à margem de nós mesmos, presos num ciclo de inquietação, onde, apesar de tudo, mantemos nossa integridade apenas pela aparência, e não pela sua humana e viva essência. 

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