quinta-feira, novembro 13, 2025

PAVOR EM DEBATER?

Vive-se um tempo, dito democrático, em que pensar se tornou ousadia e opor-se, quase um pecado cívico. A emoção senta-se ao comando, e o discernimento, tímido, pede perdão antes de se pronunciar. Já não se discutem ideias, apenas se medem feridas em coro de sensibilidades ofendidas.

A ignorância, hoje, repousa em sofás confortáveis, navegando na rede social que lhe ajustaram à medida. Ninguém quer sair: é mais cómodo chamar “agressão” ao simples gesto de pensar diferente.

Recordo Strenger, que ainda nos convida à coragem da fala racional, essa antiga rebeldia que um dia chamámos argumentar. Porque, no fundo, talvez a mais grave das ofensas contemporâneas seja, justamente, usar a cabeça sem pedir licença.

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