Tradição é passado que permanece. Conferir direitos à tradição depende afinal de um reconhecimento atributivo. Com que fins? Da liberdade, da igualdade? Ou do seu oposto? Da sujeição, da autoridade ou do amedrontamento. Tudo junto, ou em separado. Em abstrato, a tradição não se opõe à modernidade. Ambas não são em si, e por si, predicamentos definidores de virtude. Nomeadamente no campo particular da informação e da comunicação. O fanatismo e o obscurantismo sobrevivem ao tempo. Hoje, como no passado, buscando apropriar-se do direito humano de pensar livremente. Emaranhando inteligibilidades, suscitando desorientações, deleitando o mundo opinativo das paixões. Daí, a face emergente e inadiável da consequente avidez técnica, do seu alcance e utilidade desvirtuada. Na comunicação social vacilante, nas redes sociais em expansão e nos demais (re)cursos de intermediação. Entrelaçando e aturdindo proximidades críticas e analíticas face ao mundo da vida. Um conflito incerto marcado pela perplexidade de sinais causadores de incertezas, receio e insegurança. A mediação útil e valiosa não se ausentou. A mediatização é que eficientemente se lhe contrapõe. Eis aqui, certamente, um desafio, quiçá medular, deste tempo. De um tempo apressado, embora não letárgico, da atual civilização da imagem, do fetiche e da sua imodéstia simbólica.
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