A paixão não é tragédia e o desconhecido não é drama. Sorte adversa, sim, é o confronto da experiência da fraqueza na conversão do conhecido que nos faz mal. Sobretudo desse mal existencial que golpeia a decência moral e a dignidade das pessoas. Logo, não recues protegendo-te nas sombras socializadas do cínico cânone absorvente. A tua consciência jovem, já hoje lúcida e ambiciosa, pede-te coragem e não refúgio em acomodadas adaptações ardilosas. Por isso não cedas à confortável e egoísta tendência humana da desistência. Não te deixes igualmente apoderar pelo medo que em muitos atrai a cobardia do subterfúgio. Não te deixes também vender nos primeiros passos desse teu caminhar livre da maturidade. A liberdade não se compra, constrói-se, defende-se, partilhando-a. Com custos certamente. Mas a alternativa, a subjugação à iniquidade e à indignidade não merece a tua preguiça. Não tenhas medo do futuro e sê firme na coragem de dizer não. Os poderes a contrariar, e a afrontar, são muitos e diversos. Sejam eles os talentos aliciantes, os dons sedutores, ou mesmo as perícias silenciosas que por aí não escasseiam. Jogam, todos eles, na promessa do acolhimento, da segurança e do acerto do mundo. A mentira que aqui subsiste e aqui medra sabe muito bem encenar o seu próprio jogo para que a batota passe despercebida no ardiloso cumprimento das suas regras. E eis, então, seguramente o problema maior da democracia. Não é ela, a Democracia, que é o problema. Bem pelo contrário. O problema encontra-se, isso sim, entranhado nas mentiras e nos jogos que nela circulam, a pervertem e a corrompem. Aliás, passe a expressão, sem qualquer “pingo de vergonha”…
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