Um tempo estranho este em que tudo parece conformar-se com tudo, ou nada se prova acertar com nada. Um tempo onde a vida se afadiga submersa na insaciedade recôndita de continuados contratempos. Com efeito, um tempo submisso ao amoralismo da sobrevivência que não deixa tempo ao tempo. Ao tempo de emendar esse absurdo saber afastado da dignidade e arredado do juízo da verdade. Um tempo, afinal, absorvido pelo impudente iluminismo enleado, e empobrecido, na cegueira luminosa das farsantes necessidades. Vive-se, pois então, não a vida, mas uma perdurável esperança coreografada pelo iludente respirar da espera. Espera, aliás, imanente à própria sobrevivência e ao seu quotidiano. Espera essa que afinal, e em suma, alenta o sustento da demorada desilusão.
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