sexta-feira, janeiro 14, 2022

ELEIÇÕES, ENGODOS E LEGITIMAÇÕES

Eleições. Diz-se, tempo de Liberdade, não obstante aquela presumível e birrenta certeza da inverdade. O que se pensa - a vida nos vai alumiando - nem sempre afina com o que se diz. Na conveniência, a parcialidade cria, e concentra-se, no excurso da relação desse pensar e desse dizer, quiçá, em busca de uma ardilosa e trabalhada significação. Com frequência, por aqui se desmerece a raiz da Liberdade e fabulam-se, então, adaptadas prosas à intenção, e ao ato, de representar. Buriladas cantatas aí despontam amanhando a terra consoante a letra que se busca cantarolar. Uns, rimando com astúcia a estrofe, outros, recorrendo a estribilhos desembestados. Quando não, também há disso, valendo-se da canalhice insistente e obstinada do enxovalho e da banal alarvaria. Tudo parece, afinal, acomodar-se sem assento certo ao semeado sobressalto da inquietação ou, bem pior, à fervura impetuosa do encanzinamento. Assim sendo, evidente se torna o desrespeito pela verdade face à conveniência da vantagem, mais-querendo deste jeito a habilidade do que a integridade das ideias. Ergue-se, pois, a empatia fácil pelo lusco-fusco da superficialidade, do desembaraço pelo rentável ou, ainda, da obscuridade que, ao outro, desencaminha. Em qualquer das circunstâncias, atamancando a voz do disfarce embrulhando-a em mimetismos de dramáticos arbítrios ou de futuros desditosos e acinzentados. Resumidamente, esquadrinhando e valendo-se de fragilidades, do homem, da Democracia, ou melhor, das aspirações e interesses de ambos. Mesmo assim, depreenda-se que da falsidade sobressai sempre o lugar da verdade, da sua expressão e, acima de tudo, da possibilidade do andamento crítico e dialógico de que a Liberdade, livre e exigente, é capaz e (me) significa.

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