Vou hoje pensando, a experiência de vida vai ajudando, que a liberdade de pensamento é algo bem mais complicado do que ao longo do tempo imaginei. Essa liberdade depende, estou certo, da saúde da nossa mente. Da cabeça que persistentemente duvidamos, desconfiamos, colocamos à prova. Não se trata apenas de desbloquear intenções, resolver conflitos, interpretar impulsos. A liberdade verdadeira, essa que sempre sonhei como criativa e expansiva, exige mais.
Sempre me interroguei sobre o que seria um pensamento livre,
pessoal, verdadeiramente independente. Não aquele que apenas reage, mas o que
emerge com sentido próprio, alargando o imaginário, abrindo o campo simbólico.
Uma cabeça inspirada no afeto do apreço e do conforto, eis o que sempre
busquei. Um estado interno capaz de dar energia e confiança à criatividade da
personalidade, que sinto como a finalidade, primeira e última, da minha vida
pessoal.
Assim, fui-me afastando, sempre que pude, de um mundo
silenciosamente patológico, mergulhado em relações doentias, adormecidas por
múltiplos cinismos e pelas opiniões geralmente aceites. Sempre procurei
“separar águas”, encontrar caminhos outros, mais íntegros, mais humanamente
valiosos.
Algo fui aprendendo, sobretudo nas experiências vividas no campo emocional e relacional, terreno fértil, embora muitas vezes doloroso, onde se cresce mentalmente. Aprendi de um modo intensamente vivido que a verdade caminha com a liberdade. Enquanto a mentira, sorrateira, escapa através da manipulação e se mascara de consenso.
A fé que me vai restando reside na capacidade humana de
reconstruir o mundo social. De inventar, ainda e sempre, uma cultura que
incremente a liberdade verdadeira, aquela que nasce da mente lúcida, do afeto
genuíno e do risco corajoso de ser. A Última Liberdade é, assim, um título
forte, simbólico e profundamente alinhado com o espírito do texto. Ele carrega
um eco filosófico, quase existencial, que convido o leitor a refletir desde o
primeiro olhar. Ao justificá-lo no fim, acrescento o seu sentido, como quem
fecha um ciclo com consciência e intenção.
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