“A NECESSIDADE DE PENSAR O IMPENSÁVEL”, texto de Boaventura de Sousa Santos (BSS), chama-nos a atenção para a presente cultura da mediocridade, não apenas como consequência do modelo capitalista contemporâneo, mas, sobretudo, como um dos seus alicerces mais eficientes. BSS mostra de forma convincente que, no sistema educacional, o pensamento crítico tem sido progressivamente substituído por conteúdos utilitários e facilmente assimiláveis, em geral digeridos nas redes sociais sob o disfarce imbecil de informação.
A escola e a universidade parecem deixar de ser espaços de
questionamento para se tornarem fábricas obstinadas de obediência. Os
estudantes deixam de ser incentivados a duvidar, passando a repetir, deixam de
pensar para simplesmente seguir orientações reguladas. Essa lógica, marcada
pela fetichização da objetividade e pelo culto da eficiência, transforma o
saber em mercadoria e o aluno num cliente passivo.
Em vez de formar cidadãos críticos, forma-se mão de obra
submissa e desprovida de consciência política. Como afirmaria Paulo Freire,
educar é um ato político: ou se forma para a liberdade ou para a sujeição. Nos
tempos que correm, promovidos pelo capitalismo globalizado, tudo indica que nos
deixamos, parvamente, distrair pela segunda via. A educação não pode cair na
pobreza, cingindo-se ao espelho do capitalismo.
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