terça-feira, outubro 21, 2025

A ÉTICA DO RESTO

Vou envelhecendo; ainda assim, a lucidez dá-me a atraente ideia que me acompanha. Vivemos um tempo saturado de ideias, modas e defesas - quiçá inconscientes. Tudo parece estudado, dito, prometido, pese embora a frustração nos mostre o quanto somos incompletos. É neste sentido que acompanho, com alguma empatia, no palco beckettiano, da sua ética que resta, sobretudo quando ele nos convida a recusar a lógica figurativa da utilidade, do progresso deturpado e da produtividade enganosa. Sinto e vivo esta recusa como um modo de resistência ética, impossibilitando, tanto quanto possível, que o poder se alimente da coerência e da eficiência simbólica. Nada de especial se torna; apenas se vai abrindo um renovado campo ético e político. 

Sem comentários:

Enviar um comentário