Venho por este meio, que as novas tecnologias me disponibilizam, agradecer publicamente a todos os que me permitiram, pela densidade relacional, humana e social, sempre muito presente e intensamente vivida, crescer como pessoa e profissional ao longo deste caminho explorado enquanto avaliador externo, funções que exerci apaixonadamente desde 2002, no âmbito dos processos de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC) e que o silêncio indesculpável da Agência Nacional (ANQ) para a Qualificação me diz ter chegado ao fim.
Entre eles, para além dos adultos a quem proximamente dedicarei um texto próprio, quero destacar os diretores, os coordenadores, os profissionais e os formadores dos respectivos Centros de Novas Oportunidades (CNO) com quem tive a alegria estimulante de partilhar perspectivas, reflexões, incertezas e paradoxos na busca perseverante de respostas necessárias e entusiasmantes na promoção sempre espinhosa e exigente desse propósito mais nobre da Educação de Adultos que é o da transformação social e do desenvolvimento inteiro das pessoas, tendo em conta a historicidade das suas realidades concretas e contextualizadas.
Aprendi com todos eles que esse propósito ético e ambicioso não constitui, bem pelo contrário, uma tarefa clara e simples e, sobretudo, se manifesta mais custosa quando as incompreensões de “estranhos”, deliberadas ou inconscientes, de maior ou menor poder, nela se imiscuem embaraçando a exigência desse desafio que se vai disputando no condicionado e persistente ajuste capaz e diário de necessidades, capacidades e expectativas dos que, em devido tempo, não tiveram a sorte histórica das circunstâncias e o reconhecimento público e político, merecido e coerentemente atuante.
Aprendi com todos eles que reconhecer hoje, mais do que remediar o não reconhecimento do passado, não é propriamente “qualificar”; é validar, equiparar, permitindo e favorecendo a formação e a qualificação futura e desejável ao valorizar, com critério, os saberes e as competências que não se esgotam e não cabem no livro escolar, a bem não só das pessoas menos escolarizadas mas também, e esse não pode ser de modo nenhum um objectivo atraiçoado, em benefício das múltiplas comunidades em que aqueles se inscrevem, a favor de um bem comum com ganhos inevitáveis para todos. Agradeço, assim, a todos os que me deram a perceber que o RVCC não oferece nada a ninguém e, coisa oposta, me fizeram compreender que o RVCC pode e deve, sobretudo, saber criar FUTURO empenhando a inteligência sofrida mas confiante dos adultos.
Agradeço igualmente o testemunho de todos aqueles que, trabalhando no campo deste reconhecimento assimilaram de desfrutada e vivida experiência e me transmitiram com inteligência e responsabilidade, a importância de provocar nos adultos menos escolarizados, com percursos profissionais de menor qualificação, a curiosidade pelo saber que alarga horizontes, o prazer pelas aprendizagens necessárias a novos sentidos aclarados, a vontade de querer saber mais para melhor significar a (re)descoberta de si, dos outros e do seu mundo e, sobretudo, me chamaram a atenção para a relevância da motivação que se renova por uma confiança reconquistada que permite e favorece os anseios legítimos e as reinvenções necessárias, próprias e colectivas.
Aprendi com todos eles que, nesta escala de ação, é isto que o FUTURO exata e primordialmente convoca; curiosidade e o gosto pelo saber, o prazer de aprender, a vontade de saber mais e mais utilmente e a motivação que alimenta a energia da confiança necessária para se ser mais ainda e de se estar mais plenamente nas esferas da cidadania que o tempo atual requer de todos nós. Reconhecer, mais do que Validar e Certificar, é criar uma condição especial e bem humana de reconciliação com o SABER, com o APRENDER e com a VIDA que nos pode ajudar a ser mais e melhores pessoas e cidadãos.
Este tempo que hoje se vive exige, como se sabe, pessoas mais informadas, mais confiantes, mais exigentes. O RVCC, indesmentivelmente, acrescenta a projetos anteriores de referência no campo da Educação de Adultos, a ideia de alargamento e expansão. Mas são aqueles a quem eu hoje aqui presto, juntamente com muitos outros, esta breve mas singela homenagem, que contribuíram com a sua disponibilidade, competência e sensibilidade para este novo ciclo nos domínios da Educação e da Formação. Saibamos, portanto, acrescentar à riqueza da herança recebida algo de verdadeiro e socialmente transformador. Um obrigado sincero a todos vós. Até sempre.
Almiro Lopes
Um obrigado retribuído por tudo o que apenas
ResponderEliminaro completo Tudo lhe pode revelar!
Obrigado pela nobre arte de ajudar a formar enquanto avaliava! Bem-haja aos mestres a quem a vida permitiu que se cruzassem no meu caminho, e no meu percurso pelas NO o Dr. é um deles! Espero cruzar-me consigo por aí! Cumprimenta, Vanessa Carvalho da Silva
Professor,
ResponderEliminarAcreditando que este "Adeus" é um "Até já", agradeço a Convicção, a Dedicação e sobretudo a Humildade que sempre pautou com a sua presença, agradeço também o que subtilmente, sem imposições, simplesmente com a sua presença, me ensinou : Saber ouvir, Saber partilhar e sobretudo Saber aprender... Obrigada, Professor!!
Até já!! Inês Cação
Obrigado eu (nós), pela postura e estimulo intelectual.
ResponderEliminarAbraço,
José Ribeiro
Almiro, tive o prazer de te rever, muito à pressa, sem ter tempo de te dizer como foi gratificante trabalhar em Peniche numa equipe liderada por ti. Como foi bom ser ouvida, reconhecida e principalmente pela partinha de experiências entre mim, com apenas uma década de "carreira", e alguém como tu com "algumas" décadas e sempre interessado em ouvir os outros.
ResponderEliminarTodos nós devemos ter a humildade de saber que estamos sempre a aprender quer tenhamos 10, 20 ou 30 anos de "carreira". Tenho pena que na nossa profissão isso aconteça cada vez menos, tenho pena que não haja mais "Almiros" por estas escolas fora...
Um grande abraço desta eterna contratada,
Catarina, Viseu